Sargento da PM morre de Covid-19, e esposa relata drama; 'após entrar na UPA, nunca mais o vi'
Segundo associação, são 13 mortes confirmadas por Covid-19 na Polícia Militar do Amazonas. Estado tem mais de 10 mil casos confirmados.
O primeiro sargento da polícia Militar Valnelson Oliveira Moraes, de 47 anos, morreu nesta quinta-feira (7) no Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz, em Manaus. O militar estava internado em estado grave após testar positivo para o novo coronavírus.
Em nota, a Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas (APPBMAM) externou o mais profundo pesar pelo falecimento do sargento.
"Expressamos as mais profundas condolências à família e amigos neste momento difícil. Nos solidarizamos e lamentamos imensamente a perda de mais um de nossos irmãos de farda", diz a nota.
Em um vídeo publicado pela associação no dia 28 de abril, a esposa do militar relatou que ele "começou com febre, mas alegou que podia ser apenas uma gripe". A mulher conta que persistiu para que o marido se cuidasse pelo fato dele trabalhar com outros policiais.
"Ele continuou trabalhando. começou com febre, reclamou, disse que poderia ser só uma gripezinha. eu insisti que ele deveria se cuidar mais, estava com outros policiais, em lugares aonda tinha aglomerações de pessoas. E daí piorou. Disse que não aguentava mais, que ia tomar um banho para a gente ir na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento), e desmaiou no caminho. No dia que a gente entrou na UPA, eu nunca mais vi ele", relatou a esposa no vídeo, que foi gravado quandoo sargento ainda estava internado.
Desde a entrada do sargento em unidades de saúde públicas para tratamento da doença, a esposa reclamou da falta de assistência por parte do Estado. Ela alega que faltam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e testes rápidos para policiais. O G1 entrou em contato com a PM, e aguarda posicionamento.
"É muito triste perder mais um irmão da ativa. Mais um irmão que teve a vida tirada por essa doença e é triste. Eu tô sem palavras, meu Deus do céu, perdemos mais um irmão de farda, lamentável", disse o presidente da associação, sargento da PM Igo Silva.
O primeiro sargento deixa a esposa, duas filhas de: uma bebê de um ano e dez meses e uma menina de 11 anos. O corpo dele será sepultado na tarde desta sexta-feira (8) no cemitério Recanto da Paz, no município de Iranduba.
Mortes por Covid-19 na Polícia Militar do Amazonas:
De acordo com a Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas (APPBMAM) são 13 mortes confirmadas por Covid-19 na Polícia Militar do Amazonas desde o dia 3 de abril. Sendo, cinco PMs da ativa e outros oito da reserva. Confira:
03/04: Sgt. PM Rosinaldo Rodrigues Vasconcelos (reserva);
12/04: Mj. PM Altamir Bindá (médico da reserva);
13/04: Sgt PM Aristóteles Serzedelo (reserva);
14/04: Ten. PM José Nildo Gonçalves Meireles, 47 (ativa);
18/04: Sgt. PM Luiz dos Santos Dutra (reserva);
20/04: Sgt. PM Vuzimar Comapa Cavalcante (reserva)
21/04: Sgt. PM Clevilande Menandes dos Santos (reserva) / Sgt. PM Raimundo Nonato da Silva Alexandre (ativa);
22/04: Sgt. PM Venceslau Bentes dos Santos (reserva);
23/04: Sgt. PM Carlos da Silva Bentes (reserva);
24/04: Sgt. PM Glerson de Sousa Corrêa (ativa);
05/05: Sgt. PM José Ricardo Pereira Araújo, 41 (ativa);
07/05: Sgt. PM Valnelson Oliveira Moraes, 47 (ativa);
Casos de coronavírus no Amazonas De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado nesta quinta-feira (7) pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), O Amazonas ultrapassou a marca de 10 mil casos confirmados do novo coronavírus. O estado registrou 856 novos casos e, agora, o total chegou a 10.099. Do total de pessoas infectadas, 806 morreram com a Covid-19. O boletim desta quinta aponta, ainda, que mais de 6 mil pessoas contaminadas já se recuperaram da doença. Além disso, o boletim também aponta que, do total de casos confirmados da doença, 5.897 são de Manaus (58,39%) e 4.202 do interior do estado (41,61%). Manacapuru agora registra 700 casos confirmados da Covid-19 e lidera a taxa de incidência e mortalidade pela doença no Brasil.
Por Eliana Nascimento, G1 AM
