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A Amazônia está em “alerta vermelho”, revela estudo

Documento com mais de 30 capítulos faz o mais minucioso diagnóstico da maior floresta tropical do planeta


Não há mais tempo a se perder. Essa foi a conclusão que chegaram os mais de 200 renomados cientistas – entre eles alguns indígenas da região – que participaram da elaboração do primeiro relatório do Painel Científico da Amazônia (Science Panel for the Amazon – SPA), divulgado na última sexta-feira (12). O documento compilado em 33 capítulos faz o mais minucioso e abrangente diagnóstico da maior floresta tropical do planeta.

É uma contundente e abrangente análise da Bacia Amazônica e foi construída não apenas aportando pesquisas científicas, mas também ouvindo os atores regionais – e principais interessados no processo -, como os povos indígenas e as comunidades ribeirinhas. Aos pesquisadores, eles deram seus testemunhos sobre a degradação que avança cada vez mais sobre a floresta, e que passou a ser mais preocupante no governo de Jair Bolsonaro.

A cientista sênior e membro do SPA, Dra. Mercedes Bustamante, chega a anunciar no documento que com os recentes surtos de desmatamento dos últimos anos, um alerta vermelho para a Amazônia foi acionado. Salvar a floresta do desmatamento e degradação contínuos e restaurar o ecossistema local é, para ela, uma das tarefas mais urgentes de nosso tempo com vistas à preservação da floresta e suas populações.

Extinção

O principal alerta feito pelos cientistas aponta que a ação do homem sobre a floresta ao longo das décadas fez com que hoje estejamos próximos de um potencial e perigoso ponto de inflexão e, a partir daí, se essa ameaça for confirmada, não haverá mais retorno. Será decretada a morte da Amazônia como a conhecemos hoje, uma floresta tropical, dando início ao processo de savanização levando a perda de todo o ecossistema existente hoje.


Durante a ditadura militar (1964/1985), a ocupação da Amazônia era política de governo com o próprio Palácio do Planalto incentivando – e até ajudando – no deslocamento de colonos de outras regiões para o norte do país. “Integrar para não entregar” foi o lema usado pelos militares, a partir dos anos de 1970, para justificar a tomada de assalto de terras indígenas e outras populações tradicionais que de uma hora para outra se viram ameaçadas.

Cinco décadas depois, a sangria provocada pela antropomorfização da floresta continua. Não é por acaso que o relatório aponta que cerca de 17% da mata nativa deixou de ser floresta para a introdução de outros usos da terra e pelo menos outros 17% foram degradados. Parece pouco, mas esse índice representa 366.300 km2 de floresta que foram derrubados ou incendiados no curto período de pouco mais de 20 anos (1995/2017).

Essa degradação tem impactos diretos na população nativa e também sobre a fauna e a flora da região. É consenso entre os cientistas que a contínua destruição causada pela interferência humana na Amazônia coloca em alto risco de extinção mais de 8 mil plantas endêmicas e 2,3 mil animais, acrescentou o relatório. Para piorar a situação, chama atenção a pesquisa, todos os anos milhares e milhares de hectares de florestas são degradados.

Urgência

Diante dessa situação agravante, para os cientistas torna-se urgente priorizar a execução do plano de reflorestamento defendido pelos países amazônicos no Acordo de Paris.

Aqui, defende o relatório, medidas imediatas, ativas e ambiciosas de reflorestamento têm que ser colocadas em prática, particularmente em áreas de grandes fazendas de gado e terras agrícolas abandonadas, que representam cerca de 23% das áreas de florestas destruídas.


“O atual modelo de desenvolvimento alimenta o desmatamento e a perda da biodiversidade, levando a mudanças devastadoras e irreversíveis. Para que a Amazônia sobreviva, devemos mostrar como ela pode gerar benefícios econômicos e ambientais que seriam o resultado de colaborações entre cientistas, detentores do conhecimento indígena e seus líderes e governos”, frisa no documento, Carlos Nobre, Co-Presidente do SPA.

Além de defender um grande reflorestamento nas áreas já destruídas da Amazônia, o relatório do Painel Científico da Amazônia observa também que reduzir o desmatamento e a degradação a zero em menos de uma década é crucial para a sobrevivência da maior floresta tropical da terra. Sem essas medidas que devem ser imediatas, para que não haja perda de tempo, não há perspectiva de futuro para a Amazônia e suas populações tradicionais.

O documento sugere também 10 considerações cruciais para salvar a Amazônia, sendo:

  • 1. A soberania da Amazônia é intocável;

  • 3. Salvar a Amazônia é um compromisso global;

  • 4. Soluções baseadas em ciência;

  • 5. Os Povos Indígenas são os guardiões da floresta amazônica;

  • 6. Monitoramento em tempo real;

  • 7. Uma economia sustentável e eficiente para uma Amazônia com futuro;

  • 8. Responsabilidade pela produção sustentável;

  • 9. Restauração florestal urgente;

  • 10. Alavancando e aproveitando novas tecnologias.

  • Por Joel Elias / Diário da Amazônia


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