Cabo e promotor se estranham e trocam farpas durante depoimento
Gerson se recusou a responder questionamentos de Gahyva; promotor disse que réu quer criar regras
O promotor de Justiça Vinicius Gahyva: bate boca com réu
O cabo da Polícia Militar Gerson Correa Júnior e o promotor de Justiça Vinicius Gahyva se estranharam durante parte do reinterrogatório da ação penal relativa às escutas clandestinas operadas no Estado, na tarde desta quarta-feira (17), na 11ª Vara Militar da Capital.
O cabo aumentou o tom de voz para um dos questionamentos do promotor, que reagiu ao comentário.
Irritado com o promotor, Gerson Correa disse que o responderia somente por meio de seu advogado, Thiago Abreu. “É mais conveniente”, disse.
“Veja bem, agora tem um Código do Processo Penal do réu. Ele criou um mecanismo agora de como deve se proceder na audiência. Eu estou achando, excelência, que deve se trocar de lugar. Colocar o réu aí, presidindo a audiência e dizendo como a gente deve proceder e como não deve proceder. Ora, vamos lá! É uma inversão”, disse Gahyva.
Veja o diálogo e o vídeo abaixo:
Vinicius Gahyva - É a primeira vez que eu vejo um réu elevando o tom de voz.
Gerson Correa - Estou na minha defesa. Enquanto na minha defesa, eu quero...
Alair Ribeiro/MidiaNews
O cabo da Polícia Militar Gerson Correa
Thiago Abreu - O senhor tem mais um questionamento?
Gerson Correa - Doutor, eu não vou responder mais nenhum questionamento do senhor.
Vinicius Gahyva - É muito cômodo, né?!
Gerson Correa - Eu gosto do embate, mas...
Vinicius Gahyva - Que a imprensa registre.
Gerson Correa - Eu gosto do debate em um nível respeitável.
Vinicius Gahyva - Não quer dizer que não vou lhe questionar. O senhor tem direito de não responder.
Gerson Correa - Vamos fazer o seguinte: o senhor faz as perguntas. A minha defesa vai filtrar e aquilo que eu responder ela vai falar. Mais conveniente.
Vinicius Gahyva - Veja bem, agora tem um Código do Processo Penal do réu. Ele criou um mecanismo agora de como deve se proceder na audiência. Eu estou achando, excelência, que deve se trocar de lugar. Colocar o réu, aí, presidindo a audiência e dizendo como a gente deve proceder e como não deve proceder. Ora, vamos lá! É uma inversão.
Thiago Abreu - O promotor está provocando...
Vinicius Gahyva - Começou a choradeira.
Marcos Faleiros - Qual é a pergunta que o senhor quer fazer.
Vinicius Gahyva - A finalidade do senhor é uma colaboração premiada...
Thiago Abreu - De novo, excelência?
Vinicius Gahyva - Eu vou lhe preservar, porque esse seu comentário ficou um tanto quanto estranho.
O depoimento
O cabo da PM Gerson Correa Júnior, que é réu na ação penal relativa às escutas clandestinas operada no Estado, está sendo reinterrogado na tarde desta quarta-feira (17), em audiência na 11ª Vara Militar da Capital. Esta é a terceira vez que ele presta esclarecimentos sobre os fatos.
Durante grande parte do depoimento, ele fez acusações a promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), como uso de "relatórios fraudulentos" para justificar grampos ilegais e desvio de finalidade de uma verba secreta destinada a ações de investigação. Ao todo, ele cita que seis promotores teriam praticado irregularidades no grupo.
Um dos casos citados pelo cabo, em relação ao uso da verba, é o de um promotor que teria comprado um cachorro com o dinheiro.
As audiências são conduzidas pelo juiz Marcos Faleiros e tiveram início na tarde da última terça (16), quando foram ouvidos o ex-comandante da PM, coronel Zaqueu Barbosa e o ex-secretário da Casa Militar, coronel Evandro Lesco.
Ambos responsabilizaram o ex-governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques de usarem do esquema para, entre outras coisas, escutar adversários políticos.
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DOUGLAS TRIELLI E CÍNTIA BORGES DA REDAÇÃO