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Manejo correto garante maior produção de carne


Especialista da Embrapa Gado de Corte lista o passo a passo de como deve ser feito o trato da pastagem, desde o primeiro pastejo

Zootecnista da Embrapa Gado de Corte e um dos idealizadores da régua de manejo de pastagens, Haroldo Pires de Queiroz fala sobre o primeiro pastejo. Saiba mais também sobre as formas de manejo e o uso da régua nesses processos:

1) Recomendações para o primeiro pastejo

Depois de formada a pastagem é muito importante que seja feito seu manejo, o que funciona como uma espécie de continuidade da formação do pasto. Esse primeiro manejo tem como objetivo inicial uniformizar a altura da pastagem, já que as plantas não germinam e nem crescem na mesma altura. Daí, segundo o técnico, a necessidade de começar de um ponto correto o manejo da pastagem, "de uma altura correta", diz.

O primeiro pastejo deve ser feito quando a planta atingir mais ou menos 80% da altura recomendada, normalmente, para pastejo. Por exemplo, uma Braquiária brizantha que tem altura máxima de manejo de 40 centímetros deve receber o primeiro pastejo entre 30 e 40 cm.

No caso do capim Tanzânia, em que a altura de entrada costuma ser 75 cm e a de saída 35 cm, no primeiro pastejo deve ser de 60 e 40 cm, respectivamente. "Inicia-se o pastejo um pouco antes e ele termina um pouco antes para poupar a planta", afirma Pires. Isso acontece entre 40 e 70 dias após a germinação da pastagem recém-formada, dependendo das condições de temperatura e umidade. O primeiro pastejo deve ser feito tanto para uma pastagem recém-formada em área recém-aberta ou em pastagem reformada e replantada.

Feito isso, o segundo e mais importante objetivo do primeiro pastejo é eliminar os pontos de brotação que as plantas têm nas pontas, a chamada gema apical. E estimular as gemas que estão na sua base, de modo que tenha bastante perfilhos, seja mais vigorosa e cubra melhor o solo.

Por isso, assim que a planta atinge a altura, a recomendação é não deixar passar do ponto, não esperar que fique alta demais e, principalmente, não esperar que venha uma ressemeadura. Pires explica por que: "não se espera semear para dar o primeiro pastejo, porque a planta vai quase definhar, enquanto o objetivo de melhorar a cobertura do solo se obtém não com o aumento de plantas, a partir das sementes que caem, mas pelo estímulo ao perfilhamento da planta, quando você remove a gema apical e deixa a gema basal, perto do solo, formar novas plantas", diz.

2) Objetivos do manejo e como atingi-los

Os principais objetivos do manejo são aumentar a vida útil da pastagem - ao mesmo tempo em que se quer uma máxima produção de forragem - e que os animais tenham bom desempenho com o maior ganho de peso possível na área. Pode soar contraditório, já que de um lado a ideia é poupar a planta para que tenha uma vida útil mais longa, sem degradar o ambiente, enquanto de outro se quer extrair o máximo de forragem da área com a maior qualidade possível, de modo que a produção de carne aumente.

Para Pires, apesar de aparentemente contraditórios os objetivos são passíveis de ser conciliados. "O manejo tem um componente muito importante que é a adubação da pastagem, reposição dos nutrientes que foram extraídos do solo pela planta e exportados da área pelo animal", afirma o técnico. Além disso, outro ponto de grande importância são as alturas corretas em que a pastagem vai ficar no máximo e no mínimo. São ainda componentes do manejo o controle das invasoras e pragas e, eventualmente, a irrigação.

3) Manejo contínuo

Nas pastagens de crescimento lento, você deve tentar equilibrar a oferta de forragem, o crescimento das pastagens e a taxa de lotação. "Por exemplo, com os capins Marandu, Xaraés e Piatã você tem que manter uma taxa de lotação de maneira que a altura máxima no pastejo contínuo seja de 40 cm", afirma o técnico. De acordo com ele, o ideal é reduzir a taxa de lotação quando essa pastagem baixar dos 20 cm. "O pastejo contínuo é uma abstração, porque de tempos em tempos é necessário retirar todos os animais da área e dar algum descanso para que a pastagem se recupere. Na realidade, a maior parte das áreas é manejada de modo alternado e não continuadamente, o ano todo com animais na área", esclarece.

4) Manejo rotacionado

No pastejo rotacionado o alvo é bem definido com altura de entrada e altura de saída dos animais para que a planta tenha a maior produção e os animais o maior desempenho. Cada espécie de forragem tem um ponto em que vai se iniciar pastejo e isso coincide com a máxima produção de folhas.

"Só que como a planta faz fotossíntese e depende da luz solar, ela tende a produzir folhas para captar o máximo de luz e chega ao ponto de sombrear com as folhas de cima as de baixo e a própria planta", explica o técnico. Nesse momento, o que acontece é que ela começa a alongar o caule para que entre luz entre as folhas e depois, quando não consegue mais alongar o caule, ela mata uma folha de baixo para dar vida a uma folha em cima. "Esse ponto, em que ela começa a alongar o caule, é o ponto em que se deve iniciar o pastejo", diz Pires.

Geralmente, também é nessa hora que a planta intercepta 90 - 95% da luz que incide na área, o que está relacionado à altura estipulada para entrada dos animais no pasto. No caso do capim Mombaça, esses 90% de interceptação se dão por volta dos 90 cm de altura do capim. Para o Tanzânia a altura é de 70 cm e para o Massai de 55 cm. Para o capim Zuri varia em torno de 80 cm e o Tamani, de 50 cm.

Já o ponto de saída é aquele ponto em que foi consumida toda a parte de boa qualidade da planta, mas que ainda há um resíduo que permite seu crescimento rápido, para dar início a um novo pastejo. "Você deve retirar os animais com certa reserva de plantas, para que essa pastagem se recupere e cresça rapidamente", explica Pires.

Esse ponto de equilíbrio varia também de espécie para espécie forrageira. O capim Mombaça, que tem a altura correta de entrada por volta de 90 cm, tem o ponto de saída em torno de 40 cm. O Tanzânia que entra aos 70 cm exige que os animais sejam retirados quando atinge os 35 cm. No Massai a entrada é aos 55 cm e a saída aos 25 cm. No Zuri, que o rebanho entrou com 80 cm, deve sair com 35 cm. E no Tamani, a medida de entrada é de 50 e a de saída de 25 cm. Níveis que garantem uma boa rebrota e um novo ciclo de pastejo rotacionado.

5) Pastejo contínuo ou rotacionado?

O que leva o produtor a optar por um sistema de pastejo ou outro é o custo operacional da mão de obra, que é muito maior no pastejo rotacionado. "Isso acontece porque você precisar avaliar, diariamente, o ponto de saída dos animais. Verificar qual o próximo piquete para onde eles vão, qual piquete que atingiu a altura correta", diz Pires. Além disso, o pastejo rotacionado implica divisão de áreas e gasto maior com cercas.

"Você só vai optar pelo pastejo rotacionado, com esse gasto maior tanto com instalações quanto com mão-de-obra, se a planta responder com crescimento intenso e alta capacidade de suporte. É o caso do capim colonião e pennisetum", argumenta o técnico da Embrapa.

Já as pastagens que têm crescimento mais lento, taxa de lotação mais baixa, podem ser manejadas contínua ou alternadamente, com o menor gasto de mão-de-obra, com áreas maiores e com menor número de cercas.

6) Ferramentas de manejo

O manejo é relativamente simples, o que o produtor precisa é de disciplina para manejar a planta nas alturas adequadas e de uma ferramenta física para ele verificar a altura do pasto.

Para isso a Embrapa desenvolveu uma régua de manejo, onde se marcam os pontos de entrada e de saída para as espécies de pastejo rotacionado. As alturas de entrada e as alturas de saídas estão assinaladas na régua, criando uma faixa de utilização para cada tipo de capim.

"Já nas plantas de pastejo contínuo, temos na régua a indicação da altura máxima que esta planta deve atingir, para que não perca a qualidade, e a altura mínima a que deve ser rebaixada, de modo a preservar a produtividade e a longevidade da pastagem", diz Pires.

7) Manejar vale quanto?

Apesar de ser uma ideia simples, o manejo vale muito dinheiro.

Primeiro, porque prolongar a vida útil da pastagem reduz o custo da propriedade com recuperação da área. "Uma pastagem bem manejada pode durar 30 anos, enquanto que uma mal manejada vai durar 15, 10 anos, então você dobra os gastos com recuperação se o manejo não for feito adequadamente", afirma o técnico. Outro ponto é que uma pastagem bem manejada pode produzir 30% a 50% a mais de carne por hectare.

Um exemplo de perda seria trabalhar com uma pastagem de Tanzânia – que deve ter o ponto de saída a 35 cm de altura – continuamente a 20 cm. O que vai fazer com que a planta produza muito menos forragem a cada ciclo de pastejo, demore mais para atingir a altura de entrada – que é de 75 cm –e sofra perda na capacidade de suporte. O resultado, consequentemente, é de queda no desempenho animal. "Quando você força o animal a consumir aquela forragem de má qualidade, a perda no Tanzânia pode chegar a 30% na produção de carne por hectare", afirma Pires.

Nas espécies de pastejo contínuo o prejuízo também se dá pelo subpastejo. Um caso comum é deixar, por exemplo, uma área de Marandu ou Piatã ficar alta demais, o que aumenta a produção de talos, forçando os animais a consumir uma forragem de péssima qualidade. "Nesse ponto você tem uma redução no desempenho dos animais da faixa de 600 - 700 gramas/cabeça/dia para em torno de 400 - 450 gramas/cabeça/dia. A proporção de folhas caiu e a proporção de talos aumentou", explica Pires. Com poucas folhas na área para fazer fotossíntese e determinar o crescimento de nova forragem, o resultado é de queda na taxa de lotação.

No final, a conta não perdoa, e o produtor chega à conclusão de que não pode dispensar o manejo. "Multiplicando a perda de desempenho individual (que cai de 600 - 700 gramas para em torno de 400 g/dia) pela redução na capacidade de suporte (que cai de 2 e ½ para o 1 e ½ UA), você vai ter uma enorme redução na produção de carne em arrobas por hectare".

Fonte: Portal DBO com informações da Embrapa Gado de Corte


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