Velório de vítimas de Covid-19 sensibilizam até quem trabalha diretamente com funerais

Funcionários de cemitérios dizem que a demanda aumentou muito e revelam o drama do velório vazio e com caixão fechado.

Diante da pandemia do coronavírus, o trabalho nos cemitérios mudou. Quem trabalha com funerais no Rio de janeiro diz que a demanda aumentou e, devido ao risco de contágio, a cerimônia de despedida passou a ter outro formato, com velório vazio e caixão fechado, situação difícil até para quem lida com isso diariamente.


 
“Por mais experiência que se tenha, eu posso dizer que a gente nunca está preparado para isso, nem as pessoas que perderam, nem nós que estamos ali. A despedida de alguém que perdeu o seu ente querido e que não pode abrir o caixão é algo que me marca muito”, disse o gerente de atendimento do Crematório e Cemitério da Penitência, Rogério de Oliveira.
 

 
Por causa do coronavírus, velórios acontecem com caixão fechado e sem público — Foto: Reprodução
 
A cerimonialista de luto Ângela Braga também se mostra sensibilizada pelo contexto e faz um alerta para que a população se previna do coronavírus.
 

 
“O serviço aumentou demais. É perigoso. É muito triste, é muito cruel. Não escolhe as pessoas, não escolhe classe, não escolhe endereço. Dá vontade de falar: acordem, preparem-se, cuidem-se”, alertou.
 

 
No estado do Rio de Janeiro, 422 mortes por Covid-19 haviam sido confirmadas até esta segunda-feira (20) pela Secretaria Estadual de Saúde. No entanto, chega a 743 o número de atestados de óbito que constam confirmação ou suspeita da Covid emitidos pelos cartórios de registro civil no estado.
 
A realização do velório com o caixão fechado é uma das medidas estabelecidas pela Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses da Prefeitura do Rio diante da pandemia do coronavírus. O órgão recomenda que o velório tenha duração reduzida e que se privilegie a cremação ao enterro.

Por Rogério Coutinho, Bom Dia Rio

0